Por Rafaella Feliciano
‘Tecnologia a serviço das pessoas e metaverso – efeitos e soluções no ambiente contábil’ foi o tema escolhido para a palestra magna da XVI Convenção de Contabilidade da Bahia (CCB), realizada na noite desta quinta-feira (19), com a participação do professor, controlador-geral da USP e professor titular da FEA/USP, Edgard Cornacchione.
Cornacchione informou que os atributos desse espaço imersivo, que são discutidos atualmente, já estão definidos e consolidados há décadas, como o ambiente virtual; os recursos de representação, que são os avatares, o mercado – marketplace –, a moeda, entre outros. “Esse conceito hoje é capaz de ser materializado com mais potência, com equipamentos, com artefatos, como os óculos de realidade virtual, como outros tipos de hardwares, softwares e telecom e nos dá uma chance de explorar com muito mais poder o efeito que isso traz para os negócios”, pontuou.
O professor fez uma análise sobre pontos de atenção para implantação e para a adaptação ao metaverso e, também, apresentou ao público pontos que precisam ser avaliados, de forma crítica, como prioridades dentro da implantação dessa transformação digital. Para ele, existem rupturas que merecem atenção dos contadores para que a profissão contábil acompanhe o desenvolvimento tecnológico, tais como: financiamento alternativo, precificação evoluída, abundância de recursos, pagamentos inovadores, ferramentas tecnológicas mais potentes e baratas, o valor agregado dos produtos de seus clientes e alto volume de dados.
Outra observação feita por Cornacchione tratou da própria aceitação dessa nova tecnologia no ambiente de negócios. Segundo ele, para que o metaverso tenha sentido no mundo corporativo, é importante que se aprenda com o modo de transição para o e-commerce, o comércio virtual, com a chegada da internet comercial há algumas décadas. “A contabilidade sempre esteve relacionada aos maiores desafios disruptivos da nossa sociedade. Em todas elas, transformamos cenários e avançamos. Não é diferente com a tecnologia. E não vejo como absurdo que a contabilidade dê as mãos para a tecnologia. É só mais um cenário transformador”.
Contudo, o palestrante disse que é preciso perder o medo dos avanços tecnológicos e buscar entender os benefícios da inovação digital. “Enquanto alguns dizem que vamos sumir, eu afirmo que não. Acredito que temos uma potência gigantesca dentro de nós que faz com que outros segmentos em nossa profissão sejam criados. Quando olhamos o metaverso e os avanços tecnológicos mais profundos, são grandes as oportunidades para o contador. O que precisamos é de capacitação, buscar treinamentos. E todas as profissões estão passando pelo mesmo processo”, salientou Cornacchione.
Para ele, a questão está em identificarmos a vantagem humana substancial e onde se encaixam as inovações tecnológicas, sem competições entre eles. “A tecnologia ela vem como uma oportunidade e não como ameaça. Pois a vantagem humana é substancial e só precisamos entender onde nos encaixamos Não conseguiremos competir com a tecnologia”.
E concluiu, “quando abraçamos a contabilidade, é algo vocacional. Por amor à profissão Mas precisamos da tecnologia, de potencializar o nosso papel social, acreditar em nossas análises críticas não esquecendo da nossa formação humanística, junto com a nossa formação técnica, para um caminhar com responsabilidade e ética, em cenários tangíveis e intangíveis”.
Ao final da palestra, o presidente do CRCBA, André Luis Barbosa dos Santos, deixou uma reflexão para a plateia: “Precisamos refletir: continuaremos com medo da tecnologia ou utilizaremos suas ferramentas para a nossa evolução? Muitos já estão buscando as suas transformações e galgando novos espaços. E você, vai preferir ficar para trás?”