EDITORIAL DO PRESIDENTE
Prezado(a) colega,
O editorial desta semana retornará aos relatos históricos da contabilidade. Na última edição temática, abordamos o caduceu - um dos símbolos da profissão. Nesta edição, apresentaremos mais um símbolo da contabilidade, que é o seu anel.
O anel do profissional da Contabilidade simboliza e exterioriza o compromisso, a aliança, a união do profissional com o conhecimento científico contábil, o campo do saber, e sua disposição de aplicá-lo em benefício da comunidade em que vive, engrandecendo e valorizando sua profissão, e enaltecendo sua pátria. Ele se explicita à sua condição, traz-lhe a subserviência às normas científicas e a vinculação do seu comportamento aos preceitos da ética e da moral.
Nas profissões, os anéis representam os graus que conseguimos, ou seja, evidenciam que nos qualificamos em determinado campo do conhecimento. Como a aliança, representa a constituição matrimonial e os escudos representam as agremiações ou entidades, da mesma forma, os anéis são peças representativas e, enquanto "anéis de grau", eles identificam as profissões que dependem de estudos.
O anel do profissional da Contabilidade foi criado no Brasil, desde o tempo dos "peritos-contadores" (há mais de 50 anos), possuindo as seguintes características:
a. estrutura em ouro;
b. pedra principal na cor rosa forte (rubislite);
c. ladeando a pedra principal, dois brilhantes, um em cada flanco;
d. em uma lateral, a tábua da lei em platina ou ouro branco;
e. em outra lateral, o caduceu estilizado em platina ou ouro branco.
Todos esses componentes formam um agregado e possuem um significado, ou seja, eles são simbólicos. As interpretações variam, mas as que conhecemos e admitimos passam a prevalecer. Em verdade, tudo vem de uma tradição, de um costume, e não de um dever ou obrigação. A tradição deu ao anel do profissional da Contabilidade a identificação central, por sua pedra cor-de-rosa forte. Classificada como semipreciosa, ela possui estrutura hexagonal, apresenta índice de 7,5 a 8 na escala de dureza de Mohs (que varia de 1 a 10). Quando apareceu, a profissão ainda não estava dividida em técnicos e contadores. Eram só peritos-contadores e, posteriormente, contadores (a última turma, antes da divisão, foi formada no final da década de 40 do atual século XX).
Tal pedra é um silicato hidratado de alumínio, ferro, magnésio e potássio e tem a cor rosada mais forte. O nome "rubislite" vem da Escócia, do termo "rubislaw" e foi dado por Heddle em 1879. A cor eleita provém da semelhança com a do Direito - o rubi - dadas as ligações doutrinárias que no início do século existiam entre a Contabilidade e o Direito.
Com o surgimento das duas categorias profissionais, técnicos em Contabilidade e Bacharéis em Ciências Contábeis, deu origem à mudança da cor da pedra para um azul forte, bem escuro. O uso das duas cores passou, inclusive, a admitir, para alguns, que a rosa se conservaria para os técnicos e a azul para os contadores.
Teríamos, nessa hipótese, duas pedras, para os dois graus respectivos: o médio e o superior. Há, ainda, quem admite que o anel é privativo de quem diploma-se no curso superior e que os técnicos não teriam direito a tal prerrogativa. Seja como for, a pedra simboliza essa afinidade com a lei e tem sua cor próxima a de uma profissão dedicada às leis, com fortes ligações com a Contabilidade.
O nosso anel é ladeado por brilhantes, o que não é privilégio da nossa profissão, pois todos os anéis de grau possuem os brilhantes. Atribui-se a isto o símbolo do "valor cultural", associado ao "maior valor das pedras preciosas". É a nobreza da natureza, lapidada: o diamante que virou brilhante, a pedra bruta que virou pedra polida, luzente, e a mais nobre de todas as pedras. Tal simbologia é antiga. Comparou-se sempre o homem sem instrução com a pedra bruta, e depois de receber a luz da sabedoria, com a pedra polida. Muita literatura tem se dedicado a tal comparação.
Admitimos, pois, como aceitável e muito adequada, a inserção dos brilhantes para significar o polimento cultural no anel que representa o grau de cultura. Os símbolos do "polimento do homem" e da "expressividade do valor de tal polimento" representam a natureza de sua qualidade e a grandeza de sua importância no contexto cultural.
O anel do profissional da Contabilidade é um agregado de símbolos que deve sugerir ao seu portador lembranças importantes, relativas ao desempenho profissional específico de sua área, não havendo distinção entre o anel do Contador e do Técnico em Contabilidade. Sendo um objeto identificador de cultura e habilitação para o exercício da profissão contábil, seus símbolos inspiram significações nitidamente sociais, ligadas à lei e à proteção dos que desempenham atividades, visando cumprir finalidades humanas produtivas, em favor próprio e da sociedade. A tábua da lei, o caduceu, a pedra rosa forte e os brilhantes são símbolos de qualidades culturais da profissão que lembram os deveres do profissional da Contabilidade como colaboradores e geradores de informações no cumprimento do direito, como guardiões da riqueza nas atividades produtoras da satisfação das necessidades humanas e sociais.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Antonio Carlos Ribeiro da Silva (ACR)
Presidente do CRCBA
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